Cuidar de idosos não era difícil, e como ela tinha visto
numa reportagem, pagava muito bem.
Na mesa do escritório, o engravatado que administrava os currículos ria de
forma incontrolável.
Uma ficha perfeita, ela atendia a todas as especificações necessárias para
cumprir a função. Se não fosse aquele “inconveniente” ela poderia ter sido a funcionaria
do mês, talvez até a funcionária do ano.
Mais uma vez o administrador pegou nas mãos o pedaço de papel e, na esperança
de tudo não ter passado de uma peça pregada pelos seus olhos, leu novamente. O resultado
foi o mesmo, um acesso de risos que chamou a atenção dos colegas de trabalho.
Vermelho, e com dificuldade de respirar ele saiu de sua sala para tomar um
pouco de ar. Em sua mesa deixara o curriculum mais bem elaborado que já vira, e
que se não tivesse aquele pequeno problema de idade teria sido aprovado.
Sentada no sofá com a família a senhora contava aos filhos e netos o que fizera,
e dizia que se fosse contratada a empresa não só ganharia uma boa funcionaria
como também um bom slogan: “Somente um idoso para entender outro.”
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