quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A Mala.


No banco de trás estava a carga. A mala preta e pesada, o principal motivo de ter cometido o crime, agora estava quase que em seu destino.

A moça ruiva ao volante era apenas a intermediária. Às pressas, tiraram o pacote do prédio e lhe mandaram entregar ao chefe, um homem de terno, sério, como se diz um “homem de negócios”. No momento em que o comandante fez aquela ligação onde, aos berros, ele exigia que lhe trouxessem aquela encomenda, não só ela como também os outros subordinados sabiam no que estavam se metendo.

Todos tinham consciência de que na verdade o que realmente importava era o conteúdo da mala, não era a toa que ela era tão protegida dentro daquele propriedade. Porém, talvez nem todo perceberam que se fosse pega,  ela, somente ela, sofreria as consequências.

Na rádio ela ouvia as notícias sobre o transito, avenidas fechadas e canteiros em obras. Pelos espelhos ela percorria freneticamente os olhos em busca de uma viatura. Quando via radares desviava, e sinais vermelhos não eram respeitados. Ela corria contra o tempo.

Repentinamente, ela percebeu a aproximação de um motoboy fardado. Era a polícia.  Sem hesitar ela acelerou, torcendo para que o mantedor da ordem não a tivesse visto. Faltavam poucos metros para chegar ao destino, ela não podia ser pega.

Como uma voz rasgada ela freou o carro. Retirou a mala, e foi em direção ao destinatário. Suas mãos tremiam e seu corpo inteiro suava de tensão. Ao passar a mala para o engravatado ela suspirou de alivio. Sem dizer uma palavra ele se virou adentrando o aeroporto. A ruiva notou que havia algo escrito em dourado na mala, cerrou os olhos e leu “S.A. Corporation”. Era apenas o nome da empresa de onde a mala foi tirada.

Exausta ela afundou no assento do motorista, pensando em como tivera sorte hoje e em como odiava seu chefe por ele ter esquecido os documentos da viagem. Afinal, hoje era rodízio do seu carro. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário