segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Inconveniente Companhia.



Uma mão se aproxima. Você tenta fugir, mas não sabe de onde ela vem. Tenta despista-la, fugir, se esconder, passar desapercebido na multidão, mas tudo isso é em vão. Olha para trás e ela ainda está lá, esperando.

No começo os dedos se fecham devagar, quase que acariciando, e lentamente a pressão vai aumentando. É inútil gritar, eles não ouviriam. Ninguém ouviria.

Passado um tempo você decide conviver com isso. Os outros não enxergam, não precisam e não querem vê-la. Você sente inveja deles, queria poder não ver também. Claro, é impossível.

O tempo te esgota. As lágrimas que você derrubou enquanto estava sozinho transbordam. Você não sabe ao certo o motivo. Ela apenas te encontrou. Saudade, decepção, amor, amizade, solidão, ódio... Você desiste de descobrir qual realmente é.

Sentado você imagina se alguém percebeu. Não importa, os braços já se moveram. Enquanto cai você olha para o céu uma última vez. O homem conquistara a lua tempos atrás, mas na verdade ela te conquista todas as vezes em que aparece. Dessa vez não é diferente. Você ri, talvez tenha descoberto, mas agora é tarde. A dor acabou.

No dia seguinte, os carros circulam normalmente pelo viaduto.

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