terça-feira, 10 de julho de 2012

O Silêncio em 285 Palavras.


Não tenho uma data de nascimento, nasci antes desse planeta e depois de... (?) Vim para cá assim que o planeta nasceu, e quando vim eram poucos os que me ameaçavam. Hoje eu quase não existo,  muitos não gostam de mim e os que gostam de mim me consideram precioso.

Nem sempre apareço quando você quer, e quando apareço sem sua permissão sou odiado. As vezes me usam como um sinal de homenagem, outras vezes me usam indicando respeito, e, infelizmente,  acabo sendo usado como sinal de desprezo.


Já presencia muitas mortes, algumas confesso que não “dei as caras” o tempo todo, em outras, normalmente na morte de figuras importantes, como Ayrton Senna, estive junto com todos os brasileiros.  Lembro-me de outra vez em que estive com os brasileiros. Era a copa de 82, quando Paolo Rossi fez o gol que deu a vitória aos Italianos.

Os momentos bons também não me escapam, talvez com menos frequência, mas eu estou lá. Estive lá durante o pedido de casamento do Daniel, quanto todos pararam para ouvir a resposta da moça com um enorme sorriso no rosto. Estive junto com o Manuel, enquanto ele aguardava sozinho, na sala de espera, com o ouvido colado na porta e o coração vibrando, (quase que impedindo que eu aparecesse) na tentativa de ouvir o primeiro choro do seu filho.

Muitos conseguem me contatar mesmo com inimigos atacando por todos os lados, é a chamada meditação se não me engano. Para os médiuns sou um grande amigo. Para os escritores sou o melhor aliado.

Distante o som de sirenes de bombeiro se aproxima, logo terei que ir embora deste quarto. Afinal, irrefutavelmente só posso existir plenamente no sono derradeiro dos seres humanos.

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