sábado, 24 de março de 2012

Pedro


Pedro acabara de sair de seu trabalho, o relógio da Av. Paulista marcava 20h. Pedro caminhava lentamente, usava um terno preto e sapatos sociais, a usual camisa branca estava por dentro da calça e sua gravata mostrava o homem de negócios que ele era.

Após alguns minutos caminhando parou numa das lanchonetes da avenida, sentou-se à mesa do fundo, sozinho. Não precisou pedir nada, a garçonete já o conhecia, não demorou muito e ela trouxe o seu cappuccino duplo. Ele ignorou o sorriso da moça, fitava o cappuccino, sem tocá-lo.

Seu olhar não estava ali, o vapor que subia do café quente lhe inundava a mente e trazia lembranças. Seu trabalho, depois a faculdade, a época de escola, a infância, e por fim uma imagem, dele bem pequeno, sentado a uma mesa com um homem mais velho, e por fim, escuridão. Estava de volta ao café. Tomava apenas um gole de seu cappuccino, pagava e ia embora.

Pedro fazia isso todos os dias, e depois voltava para seu apartamento. Morava sozinho, uma casa arrumada para alguém solteiro. No dia seguinte ele seguiu fielmente sua rotina, e no outro, e no outro... A sensação de que aquele homem podia ser o seu pai não o abandonava, quando criança sua mãe lhe dissera que seu pai havia sumido logo após que ele nasceu, porém aquela imagem o fazia ter certeza que seu pai aparecera, uma única vez.

Era o ultimo dia antes de suas férias, Pedro resolvera ficar até mais tarde no trabalho, o relógio já marcava 22h quando ele entrou na lanchonete.

- Pensei que não viria hoje. – foi o que disse a garçonete.

- Eu também. – murmurou de volta.

Ele se sentou no fundo como de costume, refletiu como de costume e bebeu apenas um gole. Mal havia se levantado quando entra na loja, um cara encapuzado e anuncia um assalto. Algumas pessoas gritam, outras tentam fugir, o assaltante saca uma arma e atira para o teto. Estavam presos.

Pedro agarrou o cappuccino, seu amuleto, seu símbolo, sua única lembrança. A lembrança naquele momento de tensão pareceu fluir em sua mente, ele lembrou-se do homem lhe pagando o café, dos risos que deu aquele dia, do modo como o homem afagava sua cabeça e o que ainda restava de duvida se foi, aquele era seu pai. A lembrança aflorava cada vez mais e ele se lembrou, seu pai naquele dia dissera a ele que se encontrariam no futuro, que ele tinha uma doença chamada câncer, na época Pedro não sabia o que era, e teria que fazer uma viagem muito longa.

Ouviu-se um estampido alto, um tiro. Pedro foi trazido à realidade. Algo o impedia de se mover. Via pessoas se aproximando dele, e no fundo, na entrada da loja, o homem com quem sonhara todos esses anos. 

sexta-feira, 23 de março de 2012

Saber que estão comigo me motiva a seguir em frente


Vídeo com texto de Vinicius de Moraes, um poeta que eu tenho orgulho de admirar:

"Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos...

Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido... Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre...

Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados...

Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo...

Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida!

A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos...

Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo...

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...

Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores... mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!!!"

quarta-feira, 21 de março de 2012

Música: A Nota Zero


Caminhava pela casa com uma flauta azul nos lábios. O avô lhe dera como recompensa pelas notas boas, e, desde então o pequeno estava sempre a tocar. Ou pelo menos ele pensava que tocava. Os seus sete anos e sua empolgação com o presente não lhe faziam perceber que o som era horrível.

Chegou à sala, seu pai estava acomodado na poltrona, de frente para a TV, concentrado no jornal. Assim que o filho entrou a expressão de serenidade do pai se alterou, há dias ele estava ouvindo o som incomodo do instrumento do filho sem reclamar.

- Edu... – começou o pai. – Que tal deixar a flauta descansar um pouquinho? – o pedido soou mais como uma súplica.

- Eu gosto de música pai. – respondeu o filho.

- Filho você nem sabe tocar ainda! – o pai já começava a pensar na hipótese de tomar a flauta do filho.

- Pai o que é música?

O pai estranhou a pergunta repentina do filho, mas, não ia deixar eu filho sem uma boa resposta.

- Música Edu... É uma forma de expressarmos o que temos dentro de nós. – disse o pai com o peito estufado.

O filho parou, olhou para o chão, coçou a cabeça, olhou para a flauta e respirou fundo.

- Então pai, dizendo que música é a forma de expressarmos o que temos aqui dentro. – disse o filho apontando para o seu próprio peito. – Por que o senhor esta tentando me fazer parar de tocar? Só por eu não saber as notas? Só pelo fato do meu som ser ruim? Eu toco despreocupadamente, toco sem me importar, eu assopro a flauta pai. O que eu, e muitas outras crianças temos dentro de nós é apenas vontade, alegria e pureza.

Dizendo isso o filho voltou a tocar sua flauta pelo outros cômodos da casa. O pai, no entanto, ainda boquiaberto e impressionado com o que o filho lhe disse sentou-se devagar em sua poltrona e voltou a assistir o jornal. Pensando, que a melhor solução, talvez fosse comprar um par de fones de ouvido.

terça-feira, 13 de março de 2012

Conversas de Trem


Dentro do trem encontramos diversas situações incomuns, desde ciclistas se fingindo de aleijado a aleijados se fingindo de ciclista. Eu sempre me diverti com isso, ria as escondidas para não “dar bandeira” aos outros. E foi num dia comum, voltando de uma festa, não tão sóbrio quando eu gostaria de estar, que presenciei uma dessas conversas de trem que me fez parar para pensar.

Eu embarquei as pressas, cambaleando e quase caindo, as portas já estavam se fechando, e acho que fui o último a entrar naquele vagão. Não estava cheio, mais já não havia mais lugares vazios, encostei-me à porta ao lado de um dos bancos.

Pensamento vai, pensamento vem e não me lembro de quando comecei a prestar atenção na conversa de dois senhores ao meu lado, e não sei se por efeito da bebida até opinar mentalmente eu opinava.

Falavam sobre futebol, não lembro os times, mas estavam comentando um lance polêmico que provavelmente viram num daqueles programas de domingo à noite em que vários comentaristas discutem alguma partida.

Pelo que entendi, ou o que a bebida me permitiu entender, um dos jogadores entrava na área com a bola, o defensor se aproximou para tomá-la e o atacante simulou um pênalti. O juiz enganado pela atuação do jogador apitou e apontou para a marca penal.

Discutiam ferozmente sobre o lance, e eu vendo o lance com outro olhar resolvi entrar na conversa.

- Já pararam para pensar que o lance não é muito diferente do que vivemos? Os jogadores brigam pela bola como partidos políticos brigam por votos, e no final quem venceu foi quem melhor soube simular.

Os senhores me encaram por um instante.

- Ignore, é só um desses loucos querendo chamar atenção. – disse um dos senhores, em alto em bom tom para ter certa de que eu ouviria.

Pensei em continuar a discussão, tentar convencê-los de que eu não era louco, mas o trem parou. Era a minha estação, havia chegado ao fim a minha viagem no trem, e dessa vez eu era para eles a situação incomum.

Sai triste, acho que a bebida não cumpriu o papel dela essa noite, enquanto caminhava para casa me perguntava se aqueles senhores ao menos haviam percebido que naquele jogo nos não seriamos apenas o juiz, seriamos também o goleiro.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Para Sempre...



Via apenas o rosto dela, e para mim isso era suficiente. Estávamos sentados sob uma árvore, o sol ainda não tinha nascido, estava escuro e ela havia adormecido. Meu tronco servia de apoio, e meus braços a envolviam. Não havia outra palavra para descrever o momento senão “perfeito”. Pousei a mão sobre sua cabeça, alisando seus cabelos, senti sua respiração mudar, ela ainda dormia, mas sabia que era a minha mão que a acariciava.

Enquanto esperava o momento de acordá-la quando minha mente foi inundada pelo cheiro do campo ao nosso redor. E sem que eu pudesse reagir a mim mesmo, comecei a pensar no real motivo de estarmos ali.

Eu a conhecera na primavera, ela viera conhecer nossa pequena cidade, na ocasião eu era o garçom que a servira no restaurante. Naquele dia não trabalhei direito, confundi os pratos dos clientes, anotei pedidos errados e derrubei inúmeros pratos. Descobri o que é amar nesse dia. De longe eu contemplava seus cabelos castanhos que escorriam por seu rosto delicado e singelo, seus olhos grandes e verdes, conseguiam me hipnotizar e só despertava quando alguém esbarrava em mim. Não era alta. Seu corpo se encaixava perfeitamente na roupa que usava, e a cada sorriso que ela dava a mesa com suas amigas era um salto que meu coração dava diante de tamanha beleza.

Pergunto-me se foi o destino, o acaso, a sorte... De qualquer forma, só tenho a agradecer por isso. Ela esquecera sua bolsa na mesa, eu a guardei esperando, e torcendo, para que ela voltasse para pegar. O restaurante havia fechado, eu havia resolvido ficar lá por mais um tempo, na esperança de que ela voltasse. As cadeiras já estavam empilhadas, eu tinha colocado um disco qualquer para tocar. Já estava quase desistindo de rever a moça quando ouvi batidas na porta, era ela.

Corri desajeitado para abrir a porta, ela sorriu e perguntou da bolsa, respondi que estava guardada e a convidei a entrar. Ela olhou para o chão e vi que as maças do seu rosto coraram. Meio sem jeito ela entrou no restaurante vazio, que agora parecia mais um salão. Ela girou sobre os calcanhares e me olhou nos olhos, novamente minha consciência se esvaiu perante seu olhar. Voltei à realidade quando ela me abraçou. De repente nossos corpos estavam juntos, pela primeira vez, não havíamos trocados muitas palavras e já estávamos dançando ao som da música que antes eu julgara qualquer, e agora defino como a melhor que já ouvi.

Naquele dia compreendi que o amor não é feito apenas de palavras, enquanto dançávamos ela dizia em meu ouvido que havia sentido o mesmo.
E de repente, senti um baque, não sei se realmente houve, apenas senti, e eu estava de volta à realidade. Os primeiros raios de sol já caiam sobre nós, beijei sua testa e ela acordou de imediato. O seu bom dia foi um beijo nos meus lábios, ela se ajeitou ao meu lado.

- Sentiu minha falta? – ela perguntou.

- Você não sabe o quanto. – respondi com um sorriso.

Ficamos em silêncio por mais alguns instantes. Não havia muito a ser dito. Voltei para o motivo de termos vindo aqui. Eu me lembrara de como a conheci, e também, me lembrei como eu era antes de conhecê-la, e nessa lembrança, vi novamente a solidão, exatamente como ela havia pedido para que eu fizesse.
Segundo ela só assim eu sentiria a solidão e a saudade que ela iria sentir, mas que assim, eu a levaria comigo, assim ela ficaria bem até nos encontrarmos novamente. Eu compreendi que certas coisas são eternas, que mesmo agora, perto do fim, todos os incontáveis anos em que estivemos juntos não se perderiam.

- Eu te amo. – foram as ultimas palavras que disse a ela.

Fechei meus olhos, ela apertou minha mão e se deitou novamente sobre meu peito. Meu coração lentamente começou a diminuir o ritmo, minha sensibilidade começou a diminuir e o ar, o cheiro e os sons do campo eu já não percebia mais, somente ela estava ali para mim. E de repente, tudo sumiu e me vi em escuridão total. Meu coração já não batia mais, eu já não estava mais lá, e ela provavelmente já tinha dado conta disso.
Ela... Mesmo sem as batidas do meu coração, mesmo em máxima escuridão ainda me lembrava dela, das vezes em que nos beijamos, outras em que dançamos e por fim das vezes que nos amamos da forma mais intensa. Uma luz em meio a escuridão se abriu, caminhei em direção dela, pensando, e torcendo para que ela pudesse ouvir, que eu a esperaria do outro lado.

quarta-feira, 7 de março de 2012

"Rumo a uma nova ordem. Rumo a um novo progresso"


Quando falamos de jovens rebeldes imediatamente associamos aos jovens que lutaram contra a ditadura, aos cantores que foram exilados por criticar o governo em suas músicas e aos que foram torturados e mortos apenas por quererem um Brasil melhor.

Hoje temos um país melhor, sem ditadura e banimento, porém, num país onde nossos governantes se utilizam do dinheiro publico para beneficio próprio, acredito que ainda há muita coisa para se melhorar, muitas coisas pelas quais teremos que lutar para conseguir.

Há tempos atrás quando os jovens se uniam para exigir seus direitos não eram apenas alguns era uma maioria, mas e hoje? Já não temos um grande número de jovens interessados em contribuir para o avanço do país. Vemos na música, hoje a maioria das músicas produzidas são meramente comerciais, e outras apenas falam de sexo de maneira explicita, não entendo como isso pode ser considerado “música”. Que reflexão podemos tirar de músicas assim? E não só a música, como também a TV e a internet contribuem para a alienação, não só dos jovens, mas de toda uma nação, em relação aos problemas sociais e econômicos que encontramos aqui.

São poucos os jovens, que assim como eu, se importam em mudar o mundo. Ouvimos músicas antigas, de décadas atrás, o que para muitos pode parecer perda de tempo, para nós não. Ouvimos para saber que aqueles que lutaram por seus direitos no passado venceram, ouvimos para nos inspirarmos e termos esperança de que nós podemos fazer o mesmo. Sabemos que hoje ainda não podemos sair nas ruas e protestar, precisamos descobrir tudo o que a mídia esconde e mostrar a todos, deixar os jovens e adultos a par da situação, vamos tirar a venda imposta pela sociedade para que todos vejam que há realmente a necessidade de mudança.

Pode parecer um sonho, mas é nisso que acredito. Creio que quando cada um começar a pensar por si, quando cada brasileiro conseguir enxergar que o ensino que as crianças recebem é mais importante do que o próximo capitulo da novela, músicas pensadas, elaboradas e com letras consciente começarão a surgir em maior escala, a internet e outros meios de comunicação serão muito mais utilizados para que os jovens possam discutir suas ideias, combinar encontros e espalhar o desejo de mudança.

A partir desse momento, em que todos formem e levem um consigo um mesmo desejo, estaremos pronto para lutar pela “ordem” e pelo “progresso” que o Brasil realmente merece.

segunda-feira, 5 de março de 2012

A Mídia no Século XXI - O complô da mídia e dos políticos corruptos.

Mídia. A forma mais rápida de se passar informação hoje em dia, mas, já parou para pensar em que tipo de informação está sendo passada? A internet por exemplo. Basta apenas um clique para “zilhões” de páginas sobre um mesmo assunto “saltarem” sobre sua tela. Usando a internet conscientemente, para pesquisas e como forma de aproximar pessoas distantes, ela com certeza pode ser considerada uma das melhores invenções da humanidade.
Muitas pessoas comem, trabalham e conversam diante da TV, outros por hábito mantêm, mesmo sem o intuito de não assistir, o aparelho ligado. E ações como essa mostram a influencia que a mídia e os meios de comunicação em massa exercem sobre nós. E isso não é bom.
Enquanto nos embriagamos com novelas, propagandas engraçadas e “reality shows” falsos, políticos corruptos continuam se elegendo. Sim, a mídia aliena muita gente, nos faz querer discutir sobre assuntos banais ao invés de realmente nos mostrar o que está acontecendo, nos mostrar onde está sendo gasto o dinheiro público ou falar sobre o aumento salarial de vereadores.
Infelizmente sou obrigado a dizer que a mídia é a melhor arma para o jogo dos maus políticos. Enquanto a mídia controlar a massa, eles ainda governarão. Eles comandarão o país e você continuara alienado no seu mundo de novelas. Ouso dizer, um excelente plano da parte deles.
A mídia não é de fato ruim, mas a maioria das pessoas vive alienada por ela. Até que isso mude, será difícil pedir para que o país avance.

O Começo...


Brisa Alternativa é um Blog escolar, administrado por um aluno que deseja que seus textos consigam influenciar de forma positiva os leitores. É uma nova experiência que espero que dê certo. Obrigado a todos, começa agora o Brisa Alternativa.