Caminhava pela casa com uma flauta azul nos lábios. O avô
lhe dera como recompensa pelas notas boas, e, desde então o pequeno estava
sempre a tocar. Ou pelo menos ele pensava que tocava. Os seus sete anos e sua
empolgação com o presente não lhe faziam perceber que o som era horrível.
Chegou à sala, seu pai estava acomodado na poltrona, de
frente para a TV, concentrado no jornal. Assim que o filho entrou a expressão
de serenidade do pai se alterou, há dias ele estava ouvindo o som incomodo do
instrumento do filho sem reclamar.
- Edu... – começou o pai. – Que tal deixar a flauta
descansar um pouquinho? – o pedido soou mais como uma súplica.
- Eu gosto de música pai. – respondeu o filho.
- Filho você nem sabe tocar ainda! – o pai já começava a
pensar na hipótese de tomar a flauta do filho.
- Pai o que é música?
O pai estranhou a pergunta repentina do filho, mas, não ia
deixar eu filho sem uma boa resposta.
- Música Edu... É uma forma de expressarmos o que temos
dentro de nós. – disse o pai com o peito estufado.
O filho parou, olhou para o chão, coçou a cabeça, olhou para
a flauta e respirou fundo.
- Então pai, dizendo que música é a forma de expressarmos o
que temos aqui dentro. – disse o filho apontando para o seu próprio peito. –
Por que o senhor esta tentando me fazer parar de tocar? Só por eu não saber as
notas? Só pelo fato do meu som ser ruim? Eu toco despreocupadamente, toco sem
me importar, eu assopro a flauta pai. O que eu, e muitas outras crianças temos
dentro de nós é apenas vontade, alegria e pureza.
Dizendo isso o filho voltou a tocar sua flauta pelo outros cômodos
da casa. O pai, no entanto, ainda boquiaberto e impressionado com o que o filho
lhe disse sentou-se devagar em sua poltrona e voltou a assistir o jornal.
Pensando, que a melhor solução, talvez fosse comprar um par de fones de ouvido.
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